Não acredito que vou escrever esse post agora, às 11 da noite de uma quarta-feira, quando tenho uma montanha de roupas aqui em cima do sofá pra dobrar e guardar. Mas as roupas podem esperar, né? O que não posso deixar passar é esse momento pra expressar tudo o que tô sentindo aqui no peito. Tenho tanta coisa pra postar aqui no blog, tanta coisa aconteceu nos últimos dias e ainda quero contar tudo pra vocês... Mas hoje vim escrever sobre outra coisa. Sobre a saudade que tá me machucando e não consigo mais carregar sozinha. Preciso compartilhar com vocês pra ver se de repente alivia.
Pois é meus amigos... se passaram 2 anos e 4 meses desde que vi meus pais e minha família pela última vez. Não acredito que sobrevivi todo esse tempo. Não acredito que eu ainda não tinha escrito sobre isso por aqui. Quando estávamos vindo pro Canadá eu me perguntava se aguentaria ficar tanto tempo sem ver meus pais, pois sabíamos que em menos de 2 anos não voltaríamos para o Brasil. Eu sempre morei perto deles, criei os meus filhos bem apegados a eles, eu não fazia idéia de como seria essa separação. E já adianto que foi muito pior do que eu esperava. A saudade apareceu forte desde que pisamos aqui. E sofro desde então.
Mas descobri que eu sou forte e consegui encontrar uma maneira de "lidar" com isso. Eu escondo. Eu encubro. Eu vou tapando essa dor e procuro fingir que ela não está lá. Vou me mantendo bem ocupada e só espero o tempo passar. Esse é o meu consolo, ver o tempo passando rápido. Vou vivendo um dia de cada vez e prefiro que eles passem voando.
Nesse meu jeito bizarro de lidar com a saudade eu prefiro não tocar muito no assunto. Não cutuco a ferida, deixo de lado os sentimentos e deixo a frieza do inverno canadense tomar conta do meu coração. Prefiro acreditar que construí uma rocha dentro de mim, e não fico escavando os sentimentos, pra não me machucar. Seguidamente a dor aparece, toma conta, é mais forte que eu. Aí eu choro, e choro por dias. Eu desabo. É um choro de dor. E isso que é a saudade dentro de mim, uma dor muito grande, das dores mais doídas que já tive. E é exatamente por isso que tento me proteger e escondê-la, não acordá-la.
Depois de 2 anos sem ver meus pais está praticamente impossível de acalmar esse vulcão dentro de mim. Perdi o controle. Eu sonho com eles todas as noites, e sonhos cheios de detalhes. São sonhos muitos reais e toda manhã eu acordo com raiva por ter acordado e por não poder continuar aquele sonho. Sempre sonho que estou na casa deles. Cara, como é bom abraçar o meu pai, nos meus sonhos! As lágrimas ardem ao rolar nesse momento, só de pensar na emoção de poder abraçá-los novamente!
Eu falo constantemente sobre o Canadá aqui no blog, não me arrependo dessa mudança e realmente amo demais esse país. Mas essa parte da saudade e de ficar longe da família supera tudo, e ultimamente tudo o que eu penso ao sair da cama todas as manhãs é que falta menos um dia pra ir pro Brasil. Não sei se todos conseguem lidar com isso, e não sei como vou lidar pro resto da vida. Já estou pensando agora que ir para o Brasil por apenas duas semanas vai ser só pra atiçar ainda mais a saudade. Não consigo pensar em me despedir de novo. E só tenho uma certeza daqui pra frente: não vou mais ficar 2 anos sem vê-los. Não temos condições de ir pro Brasil todos os anos, mas vou trazer eles pra cá, pra passarem mais tempo com nós. Preciso deles por perto. Eles são imprescindíveis!
Pronto, extravasei o que estava entalado.
Agora bora seguir em frente, dobrar as roupas, dormir, sonhar, acordar, me ocupar, dormir de novo...e assim os dias vão passando.
AMO DEMAIS ESSE DOIS!!!!